Monday 29 September 2008

DORMINDO COM O INIMIGO


Foi quando ouvi a porta fechar que percebi que não tinha mais tempo. Ainda assim dirigi-me a Ele com um sorriso inocente. Fui recebida com um estalo na cara. Se houvesse dúvidas, ter-se-ia percebido de imediato quem manda. É assim que esperas pelo Dono? O meu Dono agarra-me com brusquidão pelos cabelos e arremessa-me violentamente para o chão. Agarrada como um saco, senti como nunca a força do meu Dono. Outro estalo na cara. Se eu quisesse uma dondoca, tinha arranjado uma. Um safanão. Nunca tinha sentido aquela sensação de inevitabilidade antes. De repente, tudo se volta a resumir a mim e Ele. Compõe-te. O meu Dono virou costas e foi para sala. Despi-me, o mais rápido que consegui, e corri ao meu quarto a buscar a coleira. Curioso, como tudo se dissipa em tão curto espaço de tempo. Aproximo-me, de cabeça baixa, temerosa e expectante. Novo gesto brusco e estou de novo rente ao chão. Incompetente. E perco Eu o meu tempo com isto. Merda de escrava. Com o pé, o meu Dono empurra-me mais para a Sua frente, apoia os pés no meu dorso, acende um cigarro. Cinzeiro. Voo a buscar qualquer coisa que se pareça com um e volto para a minha posição de repousa-pés em frente ao meu Dono. Com cinco pedras de gelo. Corro de novo à cozinha. És lenta, entediante. (Desculpe, Senhor, balbucio) Entrego o copo nas mãos do meu Dono e posiciono-me. Entre pontapés e sacões o meu Dono esfrega os pés ainda calçados no meu corpo. Espanta-me como ao invés de me repugnar, me é indiferente, a mim que quase sofro de ocd, como se, nos sapatos do meu Dono, até a sujidade da rua fosse imaculada. O meu Dono agarra-me pelos cabelos e faz-me olhar para Si. Envergonhada por ter que O olhar nos olhos, pensei que fosse continuar a mostrar o Seu desagrado por palavras, mas percebi que não, quando sem aviso me cuspiu na cara uma, duas vezes. Metes-me nojo. (Desculpe, Senhor!). A saliva espessa, abundante escorre-me pela cara, cola-me as pálpebras, deposita-se-me nas reentrâncias. Depois aparentemente mais calmo, o meu Dono começa a falar. (Eu deveria saber - recrimino-me para dentro - mas ando demasiado ocupada com as minha insignificâncias) Curioso, como tudo se relativiza de um momento para o outro. Cigarro após cigarro, eu ouço e comovo-me. Como se tivesse andado desgarrada e agora voltasse ao meu lugar.
O meu Dono faz menção de se levantar, com o pé mostra-me que devo seguir de gatas à Sua frente. Vou abrindo as portas, primeiro a do hall, depois a da casa de banho. Levanto a tampa da sanita. O meu Dono levanta a segunda tampa e posiciona-me a cabeça de lado (que se foda o cabelo tratado com máscara de oleo de noz biológico, lavado com shampoo de aloe vera e docemente massajado com amaciador!), eu ponho a língua de fora, sorvo o primeiro fio de urina. Abro a boca, a servir de receptáculo. O meu Dono pára. Engole. Engulo de um trago. E continua a encher-me a boca de mijo. Deita fora. Engole. Deita fora. Impressionante o tempo que se passou ou terei sido eu a tentar eternizar o momento? Lambo as últimas gotas, uma a uma, enlevada.
Voltamos a sala, eu de gatas à frente do meu Dono. O Dono vai fumar o ultimo cigarro - está definitivamente mais calmo. Vamos deitar (Será que vai ficar? Vai ficar? VAI FICAR!) - quer que durma na cama ou no chão? Na cama, pode apetecer-Me usar-te. E - obrigada, meu Dono - apeteceu. Um após o outro, todos os meus buracos. Nomeia-o e posiciono-o junto ao Seu sexo, um após o outro, boca, cu, cona, cu, boca, cu, boca, cona, cu.
O meu Dono adormece, relaxado, tranquilo - sei pela respiração profunda, pelo sibilar do ar entre os lábios semi-abertos.
Cubro o meu Dono com cuidado para não O acordar e tomo o meu lugar, a cabeça junto ao Seu abdómen, perto do sexo.
Incontrolada, masturbo-me a rever as memórias ainda frescas, mais as fantasias depravadas, inconsequente deixo-me vir - num orgasmo longo, fundo, avassalador - que daqui a pouco, depois de acordar o meu Dono com um broche demorado, me há-de custar um valente estalo na cara.
Encostada ao meu Dono, suficientemente perto para estar em contacto com a maior extensão possível do Seu corpo, suficientemente longe para não Lhe fazer calor nem o perturbar, zelo pelo sono do meu Dono num estado de letargia que só atingo nestes momentos preciosos.

Wednesday 24 September 2008

ÚNICA VS ÚTIL


Gostava de ser única para o meu Dono. Gostava de Lhe dar algo que ninguém Lhe tivesse dado, de fazer algo que ninguém Lhe tivesse feito. Gostava que sentisse comigo coisas que nunca tivesse sentido antes, leva-lo a lugares onde nunca tivesse estado.

Mas nada que eu possa fazer é novidade, nada me distingue, não Lhe posso proporcionar nada de novo. Nada que não tenha, sem esforço, ao virar da esquina. Por muito que me esforce não Lhe consigo oferecer nada de diferente, nada de original.

Excepto, parece, uma leve sensação de conforto.

Friday 19 September 2008

DON'T OFFER ME ROSES


Por favor Senhor, seja o meu Dono.
Não me ofereça rosas, arranhe a minha pele com os espinhos. Não me leve a jantar fora, faça-me comer de uma tigela no chão.
Amarre-me até os sulcos das cordas marcarem a minha pele e eu ficar incapaz de me mover, vulnerável, à Sua disposição. Depois, não me acaricie, bata-me até a minha carne mudar repetidamente de cor até sob a pele se formarem borbotos. Não faça amor comigo, penetre a frio de uma só vez a minha cona e o meu cu, meta a Sua mão dentro de mim até eu sentir a carne rasgar, os musculos dilacerar e as minhas entranhas moldarem à forma da Sua mão.
Por favor Senhor, para Seu prazer torture as minhas mamas, retorça os meus bicos com as pontas dos Seus dedos hábeis, craveje-os de molas, trespasse-os com agulhas. Depois, quando estiverem bem doridos, pingue neles cera a ferver até as lágrimas espicharem dos meus olhos.
Por favor, meu Dono, invente mil formas de me torturar, de me atormentar unicamente para o Seu gozo. E não se comova com os meus lamentos, amordace a minha boca para que não O importune com os meus gemidos. Se eu pedir para parar, aumente a intensidade da dor. Por favor Senhor, faça-me ver nos Seus olhos o prazer de me martirizar.
Por favor, meu Amo, agarre-me pelos cabelos e faça-me chupar o Seu sexo grande e duro, penetre a minha boca a e minha garganta até eu engasgar e quase sufocar.
Por favor meu Dono, faça-me provar os Seus néctares, cuspa dentro da minha boca, derrame em cima de mim o Seu mijo, cubra-me com a Sua esporra. Depois, toda a escorrer os Seus fluidos, faça-me ajoelhar aos Seus pés e prestar-Lhe vassalagem.
Não me ofereça presentes meu Dono, por favor. Entenda que a minha submissão é desinteressada e o único presente é dar-me a oportunidade de me rojar aos Seus pés.
Por favor Senhor, controle a minha vida, como coisa Sua que sou. Controle o meu prazer, a minha dor e tudo aquilo que eu sinto. Doseie o meu desejo, a minha devassidão, a minha comida, o ar que respiro. Torça-me, vergue-me, dobre-me, amasse-me, por favor não desista de me moldar a Si.
Eu sou a Sua escrava, meu Dono, pertenço-Lhe por inteiro e é assim que deve ser.


Thursday 18 September 2008

CADELA DE PAVLOV


Nada de enganos, continuo cadela do Senhor JB.

Mas dei comigo a pensar outra vez no reflexo condicionado - aplicado ao bdsm.
Uma estratégia simples para levar a escrava a ultrapassar limites, associando dor a prazer ou humilhação a prazer ou degradação a prazer.
Imagino que seja por isso que sempre que o meu Dono me sujeita a dor intensa ou a práticas mais hard me manda ao mesmo tempo masturbar.

Afinal, Snr. Pavlov, tinha feito melhor se tivesse arranjado uma escrava...

POST SCRIPTUM


E com toda a certeza muito menos nojentinha

ESPELHO, ESPELHO MEU...


Desde que sou escrava do Senhor JB eu estou :

mais desavergonhada
menos complicada
mais essencial
menos ciumenta
mais exigente comigo mesma
mais indulgente com os outros
mais tranquila
mais positiva
mais genuína
mais equilibrada
mais assertiva
mais prática
mais tolerante
menos egocêntrica
mentalmente mais arrumada
mais atenta
mais pontual
mais criativa
incomparavelmente mais livre
muito, muito mais feliz

(e até já gosto mais das minhas mamas)


Saturday 13 September 2008

SIM, SENHOR


E ainda vamos falar sobre teres cortado os pelos

Thursday 11 September 2008

HAPPY ATÉ NÃO PODER MAIS



Adoro surpresas. O meu Dono sabe o quanto adoro surpresas. Mas, condição essencial para apreciar como deve ser uma surpresa, é deixar-se surpreender. E, para se poder surpreender convem não esperar. Não criar expectativas. Nem barreiras, a surpresa precisa de espaço para se desenrolar. Surpresas são como manchas de tinta, podemos cobri-las com um mata borrão ou deixa-las espraiar e ve-las criar sozinhas infindáveis desenhos psicadélicos. Depois, é preciso saber gozar todos os detalhes da surpresa : o que está subjacente, e como a maior parte do iceberg, não é visível; o que é óbvio, mas que a muitos olhares passaria despercebido.

Surpresa nr. 1. O telefone apita logo de manhã. O meu Dono lembrou-se. Estender da surpresa, lembrou-se logo de manhã. A mancha de tinta alastra.
Uns minutos antes da hora marcada, o telefone toca, eu desço. Por essa altura começo devagarinho a descolar do chão.
Surpresa nr. 2. O sítio. Especial, cheio de pequenos requintes silenciosos. Surpresa nr. 3. As cores. Tons fortes, cores quentes, misturas arriscadas. Surpresa nr. 4. Os cheiros. Deixo-me encharcar de perfumes, até não poder mais. Afrodisíacos, inebriantes. Gengibre, canela, cardamomo. Surpresa nr. 5, sabores. Levemente picante, agridoce, o aveludado do molho a desmanchar-se na boca, a textura lisa, suave. O frescor da menta, o calor do caril. O Evel branco sorvido aos poucos, enquanto tudo à volta se começa a esvair em névoa cor de oriente.

E, quando penso que não podia ser melhor, surpresa nr. 6, descubro que claro que pode. O molho espesso de chocolate quente derramado sobre o bolo e em linhas aparentemente negligentes sobre o fundo branco do prato. As gotas de doce de frutos silvestres deixadas cair aparentemente ao acaso numa linha semi-curva. As rodelas impecavelmente iguais de gelado, de onde se adivinha um leve sabor a baunilha, salpicadas de côco e raspa de chocolate. Quente e frio. Alternadamente na boca pela mão do meu Dono, surpresa nr. 7 - crème de la crème . Fecho os olhos para poder saborear melhor. Devaneio sensorial. Já não há conversas de fundo, nem clientes, nem empregados. Apenas uma surpresa que continua a abrir-se, imparável. Por momentos ficamos sozinhos na sala, eu, o meu Dono e a fantasia por onde me deixo conduzir de olhos fechados. Os estores correr-se-iam e eu seria usada, um a um por todos os homens da sala. Sinto o poder na expressão do meu Dono, o poder de tornar a fantasia real.

Já cá fora, encontro o meu Dono sentado nas escadas a fumar um cigarro. Peço permissão para fumar um também. Sabe bem como aquele cigarro depois do sexo. Sinto-me quase extenuada de gozar tanto o momento. O calor dos condimentos, o odor das aromáticas, os contrastes quase perigosos, os mimos do meu Dono, que melhor prenda de anos poderia eu querer?

Wednesday 10 September 2008

CRIME E CASTIGO


Falhei no cumprimento de uma ordem. Era uma ordem de base, clara, inequívoca. Não havia a mínima possibilidade de confusão, o meu Dono foi peremptório. Por muito que procure não encontro atenuantes, vejo apenas justificações tão sólidas como castelos de cartas. Sei que sou impulsiva e que tiro conclusões precipitadas. Sei que são pontos que tenho que trabalhar, sei que já consegui alguns resultados. Mas agora falhei redondamente e sinto-me envergonhada e miserável por não ter correspondido às expectativas do meu Dono. Resta-me pedir-Lhe desculpa com os olhos no chão. E esperar o castigo.

Wednesday 3 September 2008

ESCRAVA COM ASAS

(pormenor de foto de Sérgio C. /Revista Dominium)



Obrigada meu Dono por me deixar andar à solta, saltitar, fazer piruetas: Como Sua propriedade, poderia ter-me enclausurada, fechada a sete chaves, engaiolada, mas prefere dar-me asas, partilhar-me com quem muito bem entende. Com a certeza absoluta de que, a um sinal Seu, eu estou aos Seus pés no mesmo instante. Reservada para os momentos de intimidade fica a trela, o cabresto, a gaiola. Guardadas para momentos especiais as cordas, as correntes, as algemas.


INCOMPETÊNCIA



Sou uma pessoa muito calma, paciente, tolerante. Há muito poucas coisas que me tiram do sério. Cada vez menos opiniões, actos, comportamentos dos outros me afectam. Mas há uma coisa que me deixa com os nervos em franja, a mim, essa mulher sossegada, serena, zen : entrar em algum sítio atrás do meu Dono e que o atendimento não seja impecável. Nessa situação, a mim, essa mulher tranquila, pacífica, plácida, apetece-me imediatamente bater em toda a gente, chamar-lhes incompetentes, empurra-los, mostrar-lhes como se deve tratar o meu Dono. A mim, a escrava do Senhor JB, é-me impossível conformar com o facto de alguém poder trata-Lo com menos atenção do que a que merece, com menos deferência, veneração do que tem direito. Com a permissão do meu Dono saio e não volto a esse sítio nunca mais.