Chegou com uma mala na mão. Mandou-me buscar as cordas. Ordenou que me deitasse no chão. Abriu a mala. Eu não disse nada, não perguntei nada. Há alturas em que o silêncio é mais do que suficiente. Atou-me cuidadosamente cada tornozelo junto à coxa, pernas abertas, presas por uma corda a cada gancho na parede. Os pés, mal apoiados no chão. Depois ata-me os pulsos um ao outro, as mãos em prece atrás da cabeça, daí outra corda esticada, presa à perna do sofá. De um gancho ao outro passou mais uma corda, esticada. Experimentou-a para ver a tensão.
À minha volta, o meu Dono vai construindo uma teia. Cada gesto Seu, cada volta da corda me transporta a um familiar recanto interior.
Dois clamps nos mamilos, presos entre si por uma corrente, que por sua vez é presa numa corda, que é presa numa outra corrente onde, para meu enorme espanto, vai colocando um a um desconhecidos pesos prateados. Lindos, brilhantes, deixam-me fascinada enquanto vão puxando a corrente e repuxando-me os mamilos até querer rasgar. Envolta por cordas geométricamente ligadas, sinto-me como uma mosca apanhada numa teia gigante.
Ao fundo, sinto a corda oscilar. O predador prepara-se para comer a presa. A aranha dirige-se impiedosamente para o insecto. O meu Dono senta-se então no chão e sinto "aquilo" a vibrar entre as minhas pernas.
À medida que aumenta o prazer, aumenta a dor, com outro peso colocado na ponta da corrente que me estica os mamilos. Impossível distinguir onde começa uma e acaba outro, misturam-se, confundem-se, levam-me ao extase. Não tenho autorização para me vir, também não a peço. Aquela doce tortura sabe melhor que qualquer orgasmo e eu prolongo-a até onde o meu Dono deixar.Torço-me, encolho-me, sacudo-me em espasmos, faço derivar o prazer do meu centro para a periferia, num quase descontrolado circuito eléctrico.
Os braços, amarrados e esticados atrás da cabeça, começam a doer vagamente. Aliás, tudo à minha volta é vago, excepto o prazer intenso e a dor crescente e, ao fundo a figura do meu Dono. Predador ou menino travesso que se diverte a desmontar o brinquedo? Nunca saberei, suponho. Não trocamos uma palavra, apenas os meus gemidos se perdem por entre a música de fundo. Give me a reason to love you, give me a reason to be a woman, I just want to be a woman, so don't you stop being a man...
Era capaz de ficar ali para sempre, torturada e forçada ao prazer, mas o meu Dono começa a desatar os nós. Não consigo evitar um ligeiro queixume, é mais forte do que eu, não quero sair da teia, quero apenas os contornos vagos de tudo e a figura do Meu Dono, muito nítida, entre a dor e o prazer.
O meu Dono limpa-me uma lágrima, leva-a à boca e eu pergunto-me o que terei feito para merecer tudo aquilo. Não precisei esperar muito para saber, o meu Dono adivinha-me os pensamentos : voltaste a escrever no blog. Ah! isso. Não o fiz para ganhar alguma coisa, fi-lo apenas com o primeiro e último propósito de agradar o meu Dono. E porque às vezes preciso gritar a felicidade que Ele me faz sentir cá dentro.
P.S. Esta foi a foto que encontrei mais parecida com os pesos que o meu Dono usou em mim. Fica no entanto, muito aquém do original.
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