Saturday 29 September 2007

O MEU QUADRADINHO


O meu Dono deu-me um quadradinho onde eu existo.

Quatro linhas invisíveis, tão reais e intransponíveis como paredes sólidas, que traçam a fronteira entre dois mundos paralelos.

Movo-me nas pontas dos pés nesse espaço limitado, percorro os quatro lados com as palmas das mãos, apalpando-lhes a forma. Reconheço-lhe os cantos, palmilho-lhe a área. Bato com os nós dos dedos ao longo do perímetro, procurando alguma passagem oculta para o exterior.

Pinto-o de muitas cores, revisto-o de sensações, forro-o de memórias.

O meu Dono observa-me de cima, como um predador atento a todos os movimentos da sua presa, esperando pacientemente o momento de avançar. Como num jogo de estratégia, aguarda a altura certa para fazer a próxima jogada.

Por vezes vê-me aninhada a um canto, muito quieta, procurando ver para além dos traços, outras atirada violentamente contras as paredes maciças, torturada pela incerteza, massacrada pela dúvida, chacinada pela ausência. Outras ainda comprimida, sufocada pelo confronto com as barreiras que me impôs.

É só quando me atira a corda que me liga a Ele que eu percebo que esteve sempre lá, atento e seguro, enquanto eu me debatia com fantasmas inventados em vez de permanecer tranquila e confiante à Sua espera. Ajoelhada e reverente, como estou agora.





Friday 28 September 2007

COMPASSO DE ESPERA


Os dias passam devagar sem a presença do Dono. Tento iludir o tempo sabendo que ele não se deixa iludir. A mulher sente-se solidária e guarda profundo respeito. Mas a submissa não recebeu ordem para parar. A escrava anseia pela Mão que a dobra, a tritura, a subjuga. Que a agarra com firmeza pelos cabelos e a faz lamber o chão que o Dono pisou. Que a prende, a amarra, a pendura no ar como uma estranha espécie de pássaro.

Monday 24 September 2007

NÓS, OS INFINITOS




Hoje não durmo. Não posso, nem quero. Há na minha cabeça um imenso corredor que me leva ao ponto exacto onde começa e acaba a minha fantasia. Deixo-me percorre- lo nas pontas dos pés, devagar, momentâneamente sozinha, simultâneamente agarrada a Si como coisa que está por baixo da pele, estranhamente inteira, eternamente indivisível. Ainda atordoada. Ainda suspensa.

Sunday 23 September 2007

BDSM CRUELTY-FREE

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Saturday 22 September 2007

EXCEPTO ORDEM EM CONTRÁRIO





Este blog existe com uma finalidade bem definida : agradar ao meu Dono.

Durante bastante tempo esteve parado, porque pensei que não se interessasse e abandonei a ideia.

Durante muito tempo não o divulguei porque pensei-o como mais um espaço de intimidade. Com o consentimento do meu Dono, comecei com uma pessoa da minha confiança, depois outra, pessoas que eu sabia iam compreender o que escrevo, mas sei que a partir de uma certa altura deixa de estar na minha mão seleccionar a entrada. É de certa forma abrir a porta da nossa intimidade e convidar a espreitar quem quer que passe.

Saber que há eventualmente outras pessoas a ler o blog não me desvia um milímetro do meu objectivo principal e não afecta de forma alguma aquilo que escrevo. Se o que se passa cá dentro for interessante, as pessoas vão voltar. Se não for, irão naturalmente embora.

Mas eu fico, e o meu Dono também.

Tudo o que aqui se lê faz parte de mim. Por isso, sou natural e espontânea naquilo que escrevo, simples, humana. Não tenho pretensões literárias nem demasiadas preocupações estéticas, embora queira oferecer ao meu Dono o que de melhor haja em mim em cada momento. Às vezes de uma forma mais leve e divertida, outras de forma pungente e quase dolorosa, sou eu em oferenda ao meu Dono em cada palavra, cada linha, cada pensamento que lhes está subjacente. Realidade ou ficção, nunca é mentira. Podia - e faço-o - escrever-Lhe em privado, mas esta é uma das poucas formas que tenho de mostrar ao mundo o quanto Lhe pertenço, o quanto O venero, o quanto sou incondicionalmente Sua.

Embora por vezes seja difícil, resisto à tentação de escrever sobre outros temas, este blog é - como alguém que em poucas palavras já me revelou uma sensibilidade apurada e rara perspicácia muito bem definiu - sobre " a relação que mantém com JB, o seu Dono e Senhor " .

Qualquer breve alusão a outro tema, se a houver, será de forma enquadrada nesta premissa, e tratada neste contexto. Excepto ordem em contrário...



Friday 21 September 2007

MEA CULPA


Apesar de todos os meus esforços para agradar o meu Dono, servi-Lo e satisfaze-Lo de todas as formas possíveis, sem olhar a meios, sem questionar ordens, da melhor maneira que sei, há alturas em que não consigo atingir o objectivo.

De súbito sinto-me numa situação que não entendo e não desejo.

É como se desse voltas e mais voltas para evitar cair num buraco e de repente, sem perceber como e sem poder evitar, desse comigo lá dentro.

Sejam quais forem as razões do meu fracasso, nesses momentos o meu mundo desaba.
E sob o peso das ruínas, eu tento perceber o que fiz ou o que não fiz, como uma criança atordoada que sabe foi merecidamente castigada mas sem entender muito bem porquê.
Suicídio involuntário. Em que ponto exacto falhei ?

Do que resta de mim, apanho um a um os pedaços e recomeço a erguer, incansável, a escrava que quero ser.
A que tem a forma do meu Dono.
Perdoe-me, Senhor, pela minha incompetência.

Wednesday 19 September 2007

MARCAS


HAVE FUN


BDSM para mim é um assunto sério. Envolve um enorme respeito, uma profunda veneração, um orgulho desmedido e uma atitude de permanente reverência pelo meu Dono.

Ser escrava do Senhor JB ocupa uma parte significativa do meu tempo, a maior parte dos meus pensamentos, toda a superfície do meu corpo e a imensidão da minha alma.

Ser escrava do Senhor JB satisfaz as minhas necessidades, dá corpo aos meus desejos, realiza os meus sonhos. Aviva a minha feminilidade, desperta os meus instintos de fêmea. Faz-me sentir mulher.

No entanto, sendo sério, não tem que ser grave, sisudo, cinzento e maçudo. Seriedade não exclui sentido de humor, bem pelo contrário, refina-o.

O bdsm, como a vida, pode ser altamente divertido, animado, inspirador.

Para quem não o viva como uma patologia, uma fatalidade, uma versão grosseira de hedonismo, uma forma de compensar alguma lacuna ou sublimar alguma frustração, ou como uma falta desesperada de alternativas, o bdsm pode ser, de facto, uma aventura tão divertida, fascinante e ilimitada quanto a própria vida.



Friday 14 September 2007

DON'T SAY A PRAYER FOR ME NOW...













SAVE IT TILL THE MORNING AFTER...

A ESCALADA









"Traz-me as cordas."
Recuei, descalça, até à porta da sala, depois voltei-me e corri ao quarto a buscá-las.
Não esperava o meu Dono hoje. Tinha-me ligado de manhã, demorou algum tempo ao telefone e sei o quanto tem andado ocupado, o quanto o momento é difícil. Deixei-me ficar numa zona de conforto, quieta para não atrapalhar, quieta porque o momento não é fácil e eu sei disso tudo. Moderada. "Pensas que és o quê? Minha amiguinha?"
À mistura com outras coisas, e Ele sabe disso tão bem como se me lesse os pensamentos antes de eu sequer os pensar.
Voltei com as cordas e a coleira na mão e ajoelhei-me aos Seus pés. O meu Dono agarrou a primeira corda com ambas as mãos e esticou-a, fazendo-a deslizar entre os dedos cerrados. Atou-me com firmeza, os braços ao longo do corpo, em voltas paralelas acima e abaixo do peito. Comecei imediatamente a sentir a energia das cordas, o calor que se desprende delas como de nenhumas outras. Com a segunda corda, o meu Dono uniu na frente a anterior, e passou uma laçada à volta dos ombros até às costas, obrigando as mamas a levantar e projectar-se para a frente como se quisessem separar-se de mim. Levantou-me o antebraço, única parte solta dos braços, já que toda a zona entre os ombros e os cotovelos estava completamente imobilizada junto ao corpo, até ficar em ângulo recto. Com o resto da corda amarrou-me os pulsos, à largura do corpo. Sinto mais forte a constrição das cordas. Tem em mim o efeito narcótico de uma droga, sinto-me entorpecer em cada volta, sinto-me quebrar em cada nó.
O meu Dono arrancou-me do meu estado de letargia : "Agora sim, quero a cerveja".
Acho que já tenho alguma prática de fazer coisas amarrada, embora por vezes seja preciso uma pequena dose de contorcionismo, mas nada demais.
Voltei tão rápido quanto pude e entreguei a garrafa gelada ao meu Dono.
"De joelhos" .
Sorrio, não acredito, só nesse momento precebo que a cana fininha que tinha deixado num canto da sala, para mais tarde fazer uma gag toda hi-tech, não escapou ao olhar atento do meu Dono...
"Traz molas" - Volto a levantar-me e, como posso, trago do armário duas molas tipo alicate, que o meu Dono em tempos uniu uma à outra por um fio.
Ajoelho-me de novo em frente ao meu Dono e ofereço-Lhe as molas que me prega com força nos mamilos.
"Vai buscar a ball-gag"- o meu Dono faz-me levantar de novo, meio desengonçada e fazer mais uns quantos malabarismos para chegar à ball-gag dentro do armário.
A bola dentro da boca separa-me violentamente os maxilares, mas não tenho muito tempo para pensar no desconforto que me causa.
O meu Dono sobe o volume do som. A Beth Gibbons espalha a voz doce pela sala , nobody loves me, it's true..., agora um pouco mais alto.
Nunca antes tinha apanhado de cana. Os golpes são certeiros, precisos, concentrados. A dor é lancinante. Sobretudo quando a cana bate sistematicamente no mesmo ponto, sem intervalos para a dor se espalhar, se dissolver, e o corpo se preparar para o próximo golpe.
Deve ser por volta desta altura que deixo de me preocupar se a barriga está encolhida, se se vê a celulite ou se pareço assim tão feia vista de fora.
O meu Dono acompanha cada bordoada da respectiva explicação. Como um filme legendado, para eu perceber melhor. Não se trata de simples capricho ou de puro sadismo, embora pudesse ser, claro. Há uma razão para o meu Dono arrear em mim com os dentes cerrados e um esgar de fúria. "Tu, ou és minha escrava, ou não és. Não penses que vais deixando de ser". Estremeço de dor e vergonha. Gotas de suor escorrem-me pelas costas.
" Tens noção que a praia acabou para ti, este ano..." - Logo agora que descobri aquele areal a perder de vista, aquele mar que nem parece do norte...Paciência.
O meu Dono não mostra sinais de misericórdia. Os golpes são cada vez mais fortes.
As lágrimas saltam-me dos olhos, em jorros. De vez em quando a dor é quase insuportável e eu deixo-me cair sem forças sobre os pés. Nessas alturas, o meu Dono bate repetidamente com a cana nas molas que me trituram os mamilos e eu volto imediatamente à minha posição ajoelhada, costas direitas, de perfil para Ele.
O meu Dono aumenta a frequência e a intensidade dos golpes. Encolho-me de cada vez que sinto o braço ir atrás ganhar lanço para se abater sobre as minhas nádegas massacradas. Se me mexo muito, o meu Dono bate-me na planta dos pés, impiedosamente.
A dor atinge proporções quase intoleráveis. Eu choro, compulsivamente. "Queres diz er a safe-word?" Olho o meu Dono nos olhos, a soluçar. "Estás a suplicar que pare?". Abanei a cabeça em todas as direcções. Não devo ter sido muito clara.
A cana vai-se fazendo em pedaços. Poderia parecer que isso aligeira a dor, mas não. As pontas soltas e desencontradas actuam como as pontas de um estranho chicote e atingem para lá da zona de impacto, contornam as nádegas e rasgam a pele da coxa como instrumentos cortantes.
O meu Dono dá-me para a mão uma bola colorida. "Deixas cair a bola e é como se dissesses a safe-word". Agarrei com força a bola entre as mãos. Suspeitei que ia doer.
Lágrimas, suor, ranho, baba que me escorre em quantidades inusitadas pelo queixo, um cocktail de secreções que o meu corpo expele como uma purga. Cravo as unhas na bola. E vou-me sentindo limpa, purificada.
O meu Dono tira-me a ball-gag e começa a desatar-me as cordas. "Não, por favor, não tire!" Eu choro. O meu Dono ri-se. Agarra os meus cabelos e leva-me a cara ao chão. Depois, levanta-me bruscamente e, sem deixar de repuxar os cabelos, desata as cordas com a outra mão.
Já não me sinto estranha, nem absurda, nem ridícula. Já não me sinto uma aberração.
Sinto-me como se tivesse escalado o Evereste. Sento-me no topo, a contemplar a paisagem à volta.


cadela de JB


O meu Dono conhece todos os cantos de mim.

Conhece o meu corpo, centímetro a centímetro. Todas as imperfeições, as curvas e contracurvas, reentrâncias e saliências, os ritmos, as cadências, todos os altos e baixos.

Conhece o meu passado, o meu presente e o meu futuro.

Mas sobretudo, conhece a minha mente, sabe exactamente como funciona a minha cabeça.

Sabe o que vou pensar e quando. Observa-me com o rigor do método científico. Ou a descontracção de quem se senta sózinho numa esplanada ao final da tarde só para ver o mar. Ou a curiosidade de um miúdo que espreita com espanto o fundo de um caleidoscópio.

Diverte-se a ver-me contorcer e quase a asfixiar sob o peso da dúvida, quase perdida no labirinto do meu pensamento.

Quando penso que está distraido, ausente ou até desinteressado, o meu Dono surpreende-me sempre com uma dose inesperada de atenção, presença e interesse. Ou então ignora-me e fica a ver-me espernear.

Sabe que eu vou escrever o próximo post. Aposto até, que palavra por palavra. Sabe que não resisto, sabe que quase rebento de orgulho, sabe que derreto de vaidade. Sabe que é superior a mim esconder o quanto sou Dele.

Sabe isto tudo, só talvez não saiba porquê. Ainda.


Wednesday 12 September 2007

BDSM EM ESTADO LÍQUIDO






Uma boa submissa, como um bom Dominador são como um bom vinho.

Para além do potencial que lhe é próprio, precisa do tempo e das condições ideais de conservação e maturação para poder resultar no melhor de si.

É no equilíbrio entre os vários elementos que reside a qualidade do néctar, tal como é o equilíbrio entre Dominador e submissa que determina a qualidade da relação.

Mas de que serve oferecer um bom vinho a quem não o sabe apreciar?

Que adianta ser uma boa submissa se não houver a quem se submeter, a quem se entregar de corpo e alma, que saiba receber e apreciar a entrega ?

E de que serve sentir-se Dominador se não encontrar o objecto da Sua dominação, se não puder expressar o Seu poder sobre alguém que não se submete por medo, mas pelo infinito prazer de ver desdobrar-se e multiplicar-se diante de si uma imensa variedade de cores, aromas, e sabores ?

Rubi com laivos acastanhados ou cor púrpura. Aroma elegante a fruta madura ou um toque de especiarias. Envolvente e arredondado na boca ou frutado e macio. Tantas são as possibilidades!

Porém, da mesma forma que o fim de boca é um importante indicador da qualidade do vinho, que faz a diferença entre um vinho vulgar e um bom vinho, também entre Dominador e submissa é fundamental que as sensações se prolonguem no tempo para lá do momento da prova.

Final suave ou intenso e persistente. A escolha...é Sua.

Wednesday 5 September 2007

O que é submissão ?

" Não é mera obediência externa, nem tão pouco quando controlado.

Submissão é prestar obediência inteligente a uma autoridade delegada.

É exteriorizar um espírito submisso, mesmo quando ninguém está por perto.

É renunciar à opinião própria quando se opõe à orientação daqueles que exercem autoridade sobre nós.

Ser submisso não aniquila, nem castra a personalidade de ninguém. Pelo contrário, realça a vida de qualquer um. "


Monday 3 September 2007

(DO IT WITH) PRIDE


O meu Dono chegou como sempre, imprevisível. Só tive tempo de pagar à pressa as compras na Fnac e voltar para casa a correr.
Subimos juntos e logo que passo a porta livro-me rapidamente da roupa.

Servi-Lhe um whisky com gelo e aninhei-me no chão aos Seus pés, como o costume. Pouco depois manda-me jantar, nua, no chão à Sua frente, enquanto com o meu portátil no colo, percorre as minhas pastas como muito bem entende.

Eu sou Dele e comigo tudo que é meu. Tira mistérios e fantasias das minhas gavetas como um mágico tira lenços coloridos de uma cartola.

Algum tempo depois mandou-me experimentar dois ou três vestidos. Escolheu um de veludo negro, de alcinhas, um pouco acima do joelho : " - Este. E calça-te, arranja-te, vamos sair." Opto por uma sandálias de tirinhas pretas, a noite está quente.

"E passa-me uma camisa" . Montei rápidamente a tábua de passar. O meu Dono aproximou-se por trás de mim e subiu-me o vestido até à cintura. Enquanto tentava passar-Lhe a camisa, o meu Dono penetrou-me violentamente. Passar uma camisa a ferro enquanto se é fodida não é tarefa fácil.
" Quieta, puta, não estás a foder, estás a passar-me a camisa. ".
Quando finalmente acabei, trémula e a escorrer, acabei de vestir o meu Dono, baixei o vestido, calcei-me e saimos. Óbviamente nua por baixo do vestido. Na bolsa, a coleira de escrava.
O meu Dono quis comer alguma coisa antes, eu sigo-O pela rua como uma cadelinha, do Seu lado esquerdo, sempre um passo atrás. Ele pára, eu paro. Ele anda, eu ando. Corro abrir-Lhe as portas, do carro, do restaurante e sigo atrás Dele, onde quer que vá.

" Vamos lá ao tal bar. " Paramos o carro num lugar bastante estreito, tive alguma dificuldade em sair mas acabei por conseguir.

Entrei no Pride atrás do meu Dono, olhos baixos. Já lá dentro, o meu Dono colocou-me a coleira. Este gesto, tantas vezes repetido, é sempre um momento de grande intensidade, de sentido ritual. Com ou sem coleira sou sempre Dele, mas ostentar com orgulho, para mais num sítio público, o símbolo máximo da Sua posse, faz-me quase levantar do chão. Afasto o cabelo com a mão, estendo o pescoço, em estado de profunda submissão.

Vou buscar uma bebida para o meu Dono, o barman sorri-me, cúmplice. Por todo o lado há homens abraçados, aos beijos, mulheres acariciando outras mulheres, travestis. Acendo-Lhe o cigarro.
Sento-me num puff, um pouco mais baixo que o sítio onde o meu Dono, sentado, espera pela bebida.

"Abre as pernas. Uma mão sobre cada joelho. " Assumi de imediato a posição, mas o meu Dono enfiou o joelho entre as minhas pernas e abriu-mas ainda mais.

Ficamos ainda um pouco, até o meu Dono decidir ir embora. Segui atrás Dele para a rua, sem me tirar a coleira.

- Não sei se vou conseguir entrar...- Espremi-me contra o vidro - "Levanta a saia". Eu levantei. "Mais" . Arregacei o vestido até ficar com o rabo completamente à vista e deslizei esborrachando-o contra o vidro até cair no assento, enquanto alguns carros passavam na rua rente a nós. Puxei o carro atrás para o meu Dono entrar e arrancamos.

O meu Dono abriu o fecho das calças o tirou-O para fora, já duro. Tirei a mão direita do volante, agarrei Nele e comecei a acariciá-Lo.

"Chupa" - O meu Dono segurava no volante enquanto me inclinei sobre o Seu colo e o meti na boca. Devo instintivamente ter levantado um pouco o pé do acelerador porque o meu Dono reclamou e mandou-me acelerar. Acelerei e continuei a lamber, enquanto o meu Dono mantinha o controlo do volante.

Esta noite, o meu Dono deixou-me dormir na cama, ao Seu lado, para me poder usar. Lambi-O até sentir que tinha adormecido, apaguei a luz e cheguei-me para baixo, para o meu lugar junto ao Seu sexo.

Obrigada, meu Dono, por levar a Sua cadela à rua.


Saturday 1 September 2007

SEDE DE SI


- Está curto agora, meu Dono, não dá, escorrega – dizia eu.
- Pois, não dá... – concordou o meu Dono, com ar complacente – É pena...
Agarrou-me subitamente pelos cabelos e repuxou-mos com força no alto da cabeça.
- É. Não dá...
Agarrou na corda virgem e enrolou-a com destreza numa série de voltas apertadas em torno da mecha de cabelos que mantinha firmemente esticados entre os Seus dedos.
- É uma pena...
Os repelões fortes faziam-me humedecer e cerrar os olhos. A minha cabeça num vai-vem desgovernado ao sabor dos puxões impiedosos do meu Dono.
- Escorrega, não é? Escorrega...
A corda mantinha os cabelos num puxo comprido e bem esticado, um rolo perfeito no cimo da nuca.
O meu Dono puxou-me pelas duas compridas pontas que deixara soltas e arrastando-me com a cabeça de lado até junto do sofá, fez-me ajoelhar aos Seus pés.
- Vês, escrava ? Não dá mesmo! – no mesmo tom sarcástico – enquanto me puxava pelas cordas a cabeça em todas as direcções.
Baixei os olhos, envergonhada.
Com a segunda corda, o meu Dono ata-me agora as duas mamas em voltas perfeitas, projectando-as para a frente, cheias e comprimidas.
O que sobra da corda desce-me pelo tronco e passa-me entre as pernas, bem retesada, comprimindo o clitóris e afundando-se entre as nádegas, subindo novamente bem esticada pelas costas até prender junto ao pescoço.
Cada movimento da cabeça, por mais subtil que seja, faz a corda de baixo esmagar o clitóris, cada vez mais saliente, arranha a pele sensível do sexo entre os grandes lábios entumescidos, e esfola-me toda a zona em volta do olho do cu.
O meu Dono ergue-me pelas pontas da corda e prende-as no gancho da parede, obrigando-me a permanecer nas pontas dos pés.
Consigo olhar a corda negra retinta que envolve as mamas. Fica linda, em voltas perfeitas sobre a pele morena.
Sinto o calor das cordas abrasar-me o corpo. Sinto toda a energia das cordas que quase me queima. Sinto a sua história que faz agora parte de mim. Sinto os meus fluídos a encharcar a corda como um mata-borrão.
Sinto a cor dos nós, sinto a cor de nós.
Sinto a sede anunciada a secar-me a boca, como o recuo da onda sobre a areia quando a maré baixa.
O meu Dono, confortavelmente sentado no sofá, agita levemente o copo de whisky, fazendo tilintar as pedras de gelo, enquanto eu me equilibro nas pontas dos pés, como a prima ballerina duma dança surreal, pendurada de um gancho na parede a dois metros Dele.
Sinto a boca como a superfície seca e gretada dum solo árido depois da seca prolongada.
“ - Vejo sede. Sentiste sede? ”
Sinto sede.
Sede de água, sede da verdade, sede do meu Dono, sede da Sua mão pesada a desabar sobre o meu corpo.
Uma sede imensa e profunda, insaciável de Si.



As marcas que o meu Dono deixa em mim vão muito para além dos sulcos na carne, do corpo dorido, da ardência da pele, da febre do sangue que me borbulha nas veias quando estou na Sua presença.

Num relance, encontrou o caminho para a minha alma submissa e foi lá bem fundo que cravou os ferros compridos que me atormentam, que prendeu as pesadas correntes que me agrilhoam, as sólidas amarras que me prendem a Si.

Todos os dias inventa novas formas de me subjugar, só pelo gozo de me apanhar desprevenida, de brincar comigo como um predador com a sua presa, antes de desferir o golpe final.

Em cada momento refina a arte de me dominar, só pelo prazer de me fazer ceder, de me ver dobrar.

A cada instante me destrói e me reconstrói, me apaga e me desenha de novo, me molda nas formas que de mim quer ter.

E eu cedo, eu dobro, evaporo-me, desfaço-me, renasço das minhas próprias cinzas só pela eternidade que encerra numa fracção de segundo aos Seus pés, o derradeiro prazer de O servir.