Thursday, 27 December 2007

CORPO DE CORDAS



As marcas das cordas permanecem muito depois do meu Dono sair. Juntamente com as marcas do spanking e o desejo que não deixo escapar pela janela entreaberta. Imersa em água quente até ao pescoço, deixo-me ir até aquele ponto em que quase passo para outro lado qualquer. Tanto faz, desde que não me separe Dele, mesmo quando já saiu há muito.

Sunday, 23 December 2007

SEASON'S GREETINGS

ASHTRAY GIRL


"I hold an image of the ashtray girl
of cigarette burns on my chest
I wrote a poem that described her world
and put our friendship to the test"

Friday, 21 December 2007

SEGREDOS


Cheguei à hora marcada, o que, por si, representa para mim um esforço quase titânico, já que, por muito que eu corra, o tempo parece correr sempre mais depressa do que eu. Mas eu sei muito bem o quanto o meu Dono é inflexível com as horas, por isso uso todos os truques conhecidos para não me atrasar e por vezes invento alguns. Em situações extremas, enquanto faço duas ou três chamadas inadiáveis para manter aquela gente ocupada o resto da tarde e troco o cd - gosto de ouvir certas músicas quando vou ter com o meu Dono, aproveito o semáforo vermelho para compor o cabelo, passar gloss nos lábios - quando consigo encontrá-lo às apalpadelas dentro da carteira a abarrotar de coisas - ou arranjar a meia de liga que entretanto se desprendeu, alheia ao que se passa à minha volta.
Cheguei pois à hora marcada, como sempre sem saber para o que ía.
Entro, ajoelho-me enquanto a porta se fecha atrás de mim. Beijo a mão do meu Dono com devoção. O meu Dono distribui umas festas pelo meu cabelo, o meu lombo, deixa-me estar assim uns minutos em profunda reverência, depois afasta-se e manda-me segui-Lo.
Senta-se a fumar um cigarro, enquanto eu permaneço de gatas, ao Seu lado, quieta e dócil como uma cadela rafeira.
Depois levanta-se e sái por instantes. Não sei o que traz na mão quando volta, mas manda-me levantar e virar de costas. Com um gesto brusco levanta-me a saia, manda-me baixar as cuecas e dobrar-me para a frente. "Hoje vamos passear" - sinto qualquer coisa grossa invadir-me impiedosamente o cu. Dói um pouco, mas é bom. Hurt so good. Depois do plug todo enfiado, o meu Dono passa uma corda fina e dá várias voltas entre as pernas e em torno da cintura, para o manter no sítio. Certifica-se de que está bem preso, manda-me subir as cuecas e compor-me.
Visto o casaco e saio para a rua atrás Dele.

Tuesday, 18 December 2007

JOGO



Quando o jogo transborda para fora do tabuleiro, ganha outra dimensão. Correm-se alguns riscos, é verdade. Troca-se o conforto das quatro linhas pelo mundo todo , troca-se a rigidez das regras pré-definidas pela liberdade de mudar. Medo? Não.
Ao ganhar vida, as peças deixam de ver limitados os seus movimentos, abrem-se possibilidades de novas jogadas, alargam-se horizontes.
Ao conquistar o direito de criar as suas próprias regras e jogar com alguém disposto a aceitá-las, deixa-se o jogo dos outros, abandona-se a previsibilidade e o marasmo . De alvo fixo à espera de ser atingido, a peça viva e pulsante que se move em todas as direcções e estimula a capacidade de inventar novas jogadas, novas estratégias. Não ter que ignorar um movimento, mas antecipar o contra-ataque. Não ter como único objectivo o xeque-mate, mas o eterno prazer de jogar. Num cenário feito por medida.


Friday, 7 December 2007

ENTRE MÃOS


O Dono é Aquele que conforme a situação, sabe segurar a Sua escrava com mão de ferro, com visão estratégica, com as palavras certas. Não há cordas nem correntes que prendam a escrava, se O Dono não souber exactamente como agir em cada momento. Com determinação, firmeza mas também com compreensão e "savoir faire", fazendo-a sentir perfeitamente segura e confiante entre as Suas mãos.

ORDEM


Quando dá uma ordem, o Dono tem a certeza absoluta que vai ser cumprida. Mas não só. Cumprida com rigor, urgência, prazer e devoção.
E como uma ordem é a expressão máxima da vontade do Dono, a escrava sabe que cumpri-la não é um gesto vão, oco e mecânico, mas um acto de amor submisso e profunda reverência.
É por isso que dá tanto gozo à escrava obedecer.

Saturday, 1 December 2007


PENSAMENTOS RECORRENTES

Foto : A.Deljarrie

O meu pensamento regressa invariavelmente às cordas. Ao corpo arroxeado, fortemente comprimido, aos movimentos restringidos, à vulnerabilidade. Aos nós, às voltas sucessivas, aos laços. Volta lá sempre. Como a criança incapaz de retirar a mão do pote das guloseimas. Como um viciado que não consegue largar uma droga. Como um criminoso que volta sempre ao local do crime.