Saturday 1 September 2007

SEDE DE SI


- Está curto agora, meu Dono, não dá, escorrega – dizia eu.
- Pois, não dá... – concordou o meu Dono, com ar complacente – É pena...
Agarrou-me subitamente pelos cabelos e repuxou-mos com força no alto da cabeça.
- É. Não dá...
Agarrou na corda virgem e enrolou-a com destreza numa série de voltas apertadas em torno da mecha de cabelos que mantinha firmemente esticados entre os Seus dedos.
- É uma pena...
Os repelões fortes faziam-me humedecer e cerrar os olhos. A minha cabeça num vai-vem desgovernado ao sabor dos puxões impiedosos do meu Dono.
- Escorrega, não é? Escorrega...
A corda mantinha os cabelos num puxo comprido e bem esticado, um rolo perfeito no cimo da nuca.
O meu Dono puxou-me pelas duas compridas pontas que deixara soltas e arrastando-me com a cabeça de lado até junto do sofá, fez-me ajoelhar aos Seus pés.
- Vês, escrava ? Não dá mesmo! – no mesmo tom sarcástico – enquanto me puxava pelas cordas a cabeça em todas as direcções.
Baixei os olhos, envergonhada.
Com a segunda corda, o meu Dono ata-me agora as duas mamas em voltas perfeitas, projectando-as para a frente, cheias e comprimidas.
O que sobra da corda desce-me pelo tronco e passa-me entre as pernas, bem retesada, comprimindo o clitóris e afundando-se entre as nádegas, subindo novamente bem esticada pelas costas até prender junto ao pescoço.
Cada movimento da cabeça, por mais subtil que seja, faz a corda de baixo esmagar o clitóris, cada vez mais saliente, arranha a pele sensível do sexo entre os grandes lábios entumescidos, e esfola-me toda a zona em volta do olho do cu.
O meu Dono ergue-me pelas pontas da corda e prende-as no gancho da parede, obrigando-me a permanecer nas pontas dos pés.
Consigo olhar a corda negra retinta que envolve as mamas. Fica linda, em voltas perfeitas sobre a pele morena.
Sinto o calor das cordas abrasar-me o corpo. Sinto toda a energia das cordas que quase me queima. Sinto a sua história que faz agora parte de mim. Sinto os meus fluídos a encharcar a corda como um mata-borrão.
Sinto a cor dos nós, sinto a cor de nós.
Sinto a sede anunciada a secar-me a boca, como o recuo da onda sobre a areia quando a maré baixa.
O meu Dono, confortavelmente sentado no sofá, agita levemente o copo de whisky, fazendo tilintar as pedras de gelo, enquanto eu me equilibro nas pontas dos pés, como a prima ballerina duma dança surreal, pendurada de um gancho na parede a dois metros Dele.
Sinto a boca como a superfície seca e gretada dum solo árido depois da seca prolongada.
“ - Vejo sede. Sentiste sede? ”
Sinto sede.
Sede de água, sede da verdade, sede do meu Dono, sede da Sua mão pesada a desabar sobre o meu corpo.
Uma sede imensa e profunda, insaciável de Si.

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