O meu Dono conhece todos os cantos de mim.
Conhece o meu corpo, centímetro a centímetro. Todas as imperfeições, as curvas e contracurvas, reentrâncias e saliências, os ritmos, as cadências, todos os altos e baixos.
Conhece o meu passado, o meu presente e o meu futuro.
Mas sobretudo, conhece a minha mente, sabe exactamente como funciona a minha cabeça.
Sabe o que vou pensar e quando. Observa-me com o rigor do método científico. Ou a descontracção de quem se senta sózinho numa esplanada ao final da tarde só para ver o mar. Ou a curiosidade de um miúdo que espreita com espanto o fundo de um caleidoscópio.
Diverte-se a ver-me contorcer e quase a asfixiar sob o peso da dúvida, quase perdida no labirinto do meu pensamento.
Quando penso que está distraido, ausente ou até desinteressado, o meu Dono surpreende-me sempre com uma dose inesperada de atenção, presença e interesse. Ou então ignora-me e fica a ver-me espernear.
Sabe que eu vou escrever o próximo post. Aposto até, que palavra por palavra. Sabe que não resisto, sabe que quase rebento de orgulho, sabe que derreto de vaidade. Sabe que é superior a mim esconder o quanto sou Dele.
Sabe isto tudo, só talvez não saiba porquê. Ainda.
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