Saturday 1 September 2007




As marcas que o meu Dono deixa em mim vão muito para além dos sulcos na carne, do corpo dorido, da ardência da pele, da febre do sangue que me borbulha nas veias quando estou na Sua presença.

Num relance, encontrou o caminho para a minha alma submissa e foi lá bem fundo que cravou os ferros compridos que me atormentam, que prendeu as pesadas correntes que me agrilhoam, as sólidas amarras que me prendem a Si.

Todos os dias inventa novas formas de me subjugar, só pelo gozo de me apanhar desprevenida, de brincar comigo como um predador com a sua presa, antes de desferir o golpe final.

Em cada momento refina a arte de me dominar, só pelo prazer de me fazer ceder, de me ver dobrar.

A cada instante me destrói e me reconstrói, me apaga e me desenha de novo, me molda nas formas que de mim quer ter.

E eu cedo, eu dobro, evaporo-me, desfaço-me, renasço das minhas próprias cinzas só pela eternidade que encerra numa fracção de segundo aos Seus pés, o derradeiro prazer de O servir.



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