Thursday, 27 December 2007

CORPO DE CORDAS



As marcas das cordas permanecem muito depois do meu Dono sair. Juntamente com as marcas do spanking e o desejo que não deixo escapar pela janela entreaberta. Imersa em água quente até ao pescoço, deixo-me ir até aquele ponto em que quase passo para outro lado qualquer. Tanto faz, desde que não me separe Dele, mesmo quando já saiu há muito.

Sunday, 23 December 2007

SEASON'S GREETINGS

ASHTRAY GIRL


"I hold an image of the ashtray girl
of cigarette burns on my chest
I wrote a poem that described her world
and put our friendship to the test"

Friday, 21 December 2007

SEGREDOS


Cheguei à hora marcada, o que, por si, representa para mim um esforço quase titânico, já que, por muito que eu corra, o tempo parece correr sempre mais depressa do que eu. Mas eu sei muito bem o quanto o meu Dono é inflexível com as horas, por isso uso todos os truques conhecidos para não me atrasar e por vezes invento alguns. Em situações extremas, enquanto faço duas ou três chamadas inadiáveis para manter aquela gente ocupada o resto da tarde e troco o cd - gosto de ouvir certas músicas quando vou ter com o meu Dono, aproveito o semáforo vermelho para compor o cabelo, passar gloss nos lábios - quando consigo encontrá-lo às apalpadelas dentro da carteira a abarrotar de coisas - ou arranjar a meia de liga que entretanto se desprendeu, alheia ao que se passa à minha volta.
Cheguei pois à hora marcada, como sempre sem saber para o que ía.
Entro, ajoelho-me enquanto a porta se fecha atrás de mim. Beijo a mão do meu Dono com devoção. O meu Dono distribui umas festas pelo meu cabelo, o meu lombo, deixa-me estar assim uns minutos em profunda reverência, depois afasta-se e manda-me segui-Lo.
Senta-se a fumar um cigarro, enquanto eu permaneço de gatas, ao Seu lado, quieta e dócil como uma cadela rafeira.
Depois levanta-se e sái por instantes. Não sei o que traz na mão quando volta, mas manda-me levantar e virar de costas. Com um gesto brusco levanta-me a saia, manda-me baixar as cuecas e dobrar-me para a frente. "Hoje vamos passear" - sinto qualquer coisa grossa invadir-me impiedosamente o cu. Dói um pouco, mas é bom. Hurt so good. Depois do plug todo enfiado, o meu Dono passa uma corda fina e dá várias voltas entre as pernas e em torno da cintura, para o manter no sítio. Certifica-se de que está bem preso, manda-me subir as cuecas e compor-me.
Visto o casaco e saio para a rua atrás Dele.

Tuesday, 18 December 2007

JOGO



Quando o jogo transborda para fora do tabuleiro, ganha outra dimensão. Correm-se alguns riscos, é verdade. Troca-se o conforto das quatro linhas pelo mundo todo , troca-se a rigidez das regras pré-definidas pela liberdade de mudar. Medo? Não.
Ao ganhar vida, as peças deixam de ver limitados os seus movimentos, abrem-se possibilidades de novas jogadas, alargam-se horizontes.
Ao conquistar o direito de criar as suas próprias regras e jogar com alguém disposto a aceitá-las, deixa-se o jogo dos outros, abandona-se a previsibilidade e o marasmo . De alvo fixo à espera de ser atingido, a peça viva e pulsante que se move em todas as direcções e estimula a capacidade de inventar novas jogadas, novas estratégias. Não ter que ignorar um movimento, mas antecipar o contra-ataque. Não ter como único objectivo o xeque-mate, mas o eterno prazer de jogar. Num cenário feito por medida.


Friday, 7 December 2007

ENTRE MÃOS


O Dono é Aquele que conforme a situação, sabe segurar a Sua escrava com mão de ferro, com visão estratégica, com as palavras certas. Não há cordas nem correntes que prendam a escrava, se O Dono não souber exactamente como agir em cada momento. Com determinação, firmeza mas também com compreensão e "savoir faire", fazendo-a sentir perfeitamente segura e confiante entre as Suas mãos.

ORDEM


Quando dá uma ordem, o Dono tem a certeza absoluta que vai ser cumprida. Mas não só. Cumprida com rigor, urgência, prazer e devoção.
E como uma ordem é a expressão máxima da vontade do Dono, a escrava sabe que cumpri-la não é um gesto vão, oco e mecânico, mas um acto de amor submisso e profunda reverência.
É por isso que dá tanto gozo à escrava obedecer.

Saturday, 1 December 2007


PENSAMENTOS RECORRENTES

Foto : A.Deljarrie

O meu pensamento regressa invariavelmente às cordas. Ao corpo arroxeado, fortemente comprimido, aos movimentos restringidos, à vulnerabilidade. Aos nós, às voltas sucessivas, aos laços. Volta lá sempre. Como a criança incapaz de retirar a mão do pote das guloseimas. Como um viciado que não consegue largar uma droga. Como um criminoso que volta sempre ao local do crime.



Thursday, 29 November 2007

A IMPORTÂNCIA DO RITO




Photo Denis Olivier


As palavras confundem-se um pouco e detenho-me a percebe-las. Só porque me interessa definir para mim mesma o que sinto com exactidão, sem o deixar flutuar ao sabor de imprecisões.

Pormenores, talvez. Mas as grandes diferenças residem precisamente aí, intrincadas nos detalhes que passam despercebidos ao comum dos mortais. É pelos pormenores que um expert conhece a diferença entre a coisa verdadeira e a imitação.

Parece nenhuma ou subtil, mas é de facto enorme a diferença entre ritual e rito.

O ritual é colectivo, estereotipado, impessoal, automático e mecânico, sendo por isso pobre em termos de criatividade e sentimentos. O seu sentido inicial foi-se perdendo no tempo e pouco mais é do que a repetição de gestos vãos.

O rito, pelo contrário, tem uma raiz fortemente individual, nascida no âmago do nós. O rito enriquece, engrandece, alarga. Abre caminho. Prepara o corpo e acalma a mente para desfrutar em plenitude o que vem a seguir.

Por isso, num rito arrancado do fundo de mim, a primeira coisa que faço na presença do meu Dono é lançar-me aos Seus pés.

Não é um gesto vazio, nem meramente simbólico, nem uma cópia de gestos de outros, é o resultado de uma força interior que me impele naturalmente para baixo, inspirada pelo poder do meu Dono. Sou eu inteira num gesto. Condensada num instante carregado de significado, que saboreio a conta-gotas.

Este é para mim, O momento. É aqui que eu na verdade me entrego, me ponho à Sua disposição.

Na natural continuação deste, vem o seu complemento. O momento em que me toma. O momento em que docilmente ofereço o pescoço à coleira para simbolizar a posse total do meu Dono sobre mim.

Este gesto une-me irremediavelmente ao meu Dono, retira-me o que sobra de individualidade e de independência. Circunscreve-me à Sua órbita.

Depois, intuitivamente encontro outros gestos, outras formas de celebração do Seu domínio sobre mim. Ao que se somam marcas pessoais do meu Dono, ex-líbris da sua essência única, abundantes, fecundas.

Abraço-as, interiorizo-as, torno-as minhas. Depois ofereço-as, num culto intímo e cúmplice ao meu Dono, já a abarrotar de mim.



Monday, 26 November 2007

BOM DIA, MEU DONO




BDSM TÂNTRICO


A minha submissão ao meu Dono é constante, intemporal, definitiva. Não se esgota numa sessão, num encontro, num momento. Faz parte de mim, como um orgão vital.
Contudo, é naturalmente quando estou na Sua presença que sinto a minha submissão crescer, como se fosse insuflada pela comparência.
Desde o instante em que sei que O vou ver, toda eu me transformo, como numa metamorfose, desde o fundo até à superfície. Tudo o resto se esboroa e eu centro-me Nele como se todas as minhas células acorressem a um chamamento inadiável, toda eu me desloco na Sua direcção como se fosse empurrada por uma força superior impossível de conter.
Na Sua presença, eu ajoelho-me e sinto-me a reluzir. Imóvel à espera de uma ordem, é como se eu parasse o tempo, suspendesse a própria vida. Nada importa senão estar ali, à Sua disposição. O que Ele decide fazer comigo não é preponderante.
Apaziguada pela convergência dos corpos, a minha submissão não se satisfaz no toque. Ela prolonga-se nos dias como uma mancha de tinta que alastra sobre um mata-borrão.

Se Ele pudesse ver-me por dentro, ver-me-ia como que forrada a entrega, atapetada de obediência, inundada de submissão.



Saturday, 24 November 2007

GOLDEN SHOWERS & CO





Desde o primeiro minuto que tudo o que me vem do meu Dono me é natural. Não estranho nada que seja Seu, como se o meu corpo fosse uma extensão do Seu próprio e tudo que é Dele viesse naturalmente desaguar em mim . A abolição de barreiras e diques entre um corpo e outro. Secreções, fluídos, todos os Seus sucos eu recebo com prazer e devoção. Um misto de doce humilhação e extrema intimidade, momentos de intensa partilha. A Sua saliva a dissolver-se devagar na minha boca, como uma mousse cremosa. O Seu sémen espesso e levemente picante a escorrer-me pela cara, pelo peito, colado à minha pele, aos meus cabelos, que me esforço por tentar alcançar com a língua. O Seu mijo quente em jorros sobre o meu corpo - o odor acre, o sabor metálico - ou copiosamente despejado dentro de mim a ensopar-me as entranhas, conduz-me a estados de profunda submissão e de prazer sem limites. Uma sublime mistura de substâncias corporais, um raro batido de líquidos privados, um cocktail exótico de humores que me nutre e revigora o corpo e a alma.




Wednesday, 21 November 2007

EMPRESTADA


Sai de casa à hora marcada. A gabardine discreta não fazia imaginar a minha nudez. Unicamente meias pretas de liga e sapatos "fuck me". Subi a gola, para encobrir a coleira. Cabelo apanhado, mãos nos bolsos, olhos no chão. Tudo tal qual me fora ordenado pelo meu Dono.

" E fazes exactamente tudo o que te for mandado, como se fosse eu a ordenar."

A porta do carro abriu-se, eu entrei para o banco da frente, sem levantar o olhar. Foi-me de imediato colocada uma venda e, sem uma palavra, o carro arrancou. Ao princípio consegui seguir o trajecto mas rapidamente perdi a noção do rumo que tomavamos.

Recapitulei : havia pelo menos duas pessoas no carro. Uma atrás de mim, que me tinha vendado e a quem eu sentia agora a respiração pesada, e o condutor. Não fazia a mínima ideia onde ía nem com quem ia. Sentia-me pendente num ponto indefinido entre o medo e a excitação. Percebi que tínhamos deixado a cidade, pelo piso, pela escuridão e porque deixou de haver semáforos o que foi um alívio pois cada vez que paravamos eu inquietava-me com a ideia de que o condutor do carro ao lado me estivesse a ver com a venda nos olhos.

As pessoas a quem eu estava entregue continuavam sem trocar uma única palavra, não havia música, só o carro a deslizar sobre a estrada lisa.

Seguimos por essa estrada durante bastante tempo, depois devemos ter apanhado uma estrada secundária porque o piso era agora irregular e seguíamos bastante mais devagar.

Ao fim de mais algum tempo o carro parou.

Pela primeira vez desde que saíramos, certamente em mais de uma hora de viagem, uma das pessoas falou : - Vai à frente e abre. Eu levo-a. - uma voz grave de homem.

A porta abriu-se e eu senti um puxão. Fiz força para me levantar mas ainda assim desiquilibrei-me e quase caí.

O homem agarrava-me por um braço e ora me puxava ora me empurrava para me manter num caminho estreito de acesso ao sítio para onde me levava. Subi um degrau e a porta fechou-se atrás de mim, fazendo um estranho eco.

O homem levou-me mais uns passos e fez-me parar. Retirou-me então a venda e fez-me descer uma escada íngreme, mantendo-se atrás de mim. Quase não havia luz o que tornava tudo bastante mais difícil.

Cheguei finalmente a uma sala ampla, totalmente vazia, excepto a um canto uma mesa grande de aspecto robusto. Os meus olhos, sempre baixos, foram-se habituando a outro tipo de escuridão e comecei a conseguir vislumbrar na minha frente uma espécie de cavalete de madeira, que me dava um pouco abaixo da cintura.

" Tira a gabardine". Tirei por fim as mãos dos bolsos e deixei escorregar a gabardine. "Curva-te". Dobrei-me sobre o cavalete. Foi então que vi duas enormes argolas de metal, chumbadas no chão de cimento, afastadas cerca de 60/70 cms. O homem à minha frente, baixou-se e percebi então que estava encapuçado. Prendeu-me cada pulso com uma corrente forte e cada corrente a uma das argolas.

Subitamente percebi o outro homem atrás de mim. "Abre as pernas" - enquanto me puxava pelo tornozelo e me fazia exactamente o mesmo a cada perna, prendendo as correntes a outras duas argolas atrás de mim.

Fiquei dobrada sobre o cavalete, braços e pernas abertos e presos por grossas correntes às quatro argolas no chão. O meu coração batia descompassadamente. "Confio no meu Dono, confio no meu Dono" foi a única coisa que consegui pensar.

Tuesday, 20 November 2007

KIT DA ESCRAVA



Tenho um problema com as meias de liga. Na hora em que mais preciso delas, ou tem uma malha caída, ou não encontro duas iguais, ou as bandas de silicone estão frouxas. Como em média tenho entre dez a vinte minutos para me pôr pronta desde que o meu Dono se faz anunciar, é fácil imaginar o meu desespero para encontrar um par apresentável. Remexo as gavetas como um perdigueiro a escavar na toca dum coelho. Meias avulso voam pelo quarto. Suspiro de alívio quando consigo encontrar duas em boas condições. Até descobrir que a segunda tem afinal um buraquinho minúsculo. Que só vejo quando já vesti a primeira.

Foi por isso que resolvi ser uma escrava previdente e preparar aquilo que pomposamente baptizei como "kit da escrava". Tem que conter no mínimo dois a três pares de meias de liga impecáveis, lisas, com costura e de rede, cintos de liga com os reguladores na altura certa, várias cuequinhas sexy, que devo vestir por cima do ligueiro e não ao contrário. Como o meu Dono não me quer de soutien, menos uma preocupação. Mesmo que isso signifique não poder usar o corpete preto com borboletas cor de rosa de que tanto gosto ou aquele soutien a condizer com a barra vermelha das meias que há tempos me fez perder a cabeça. Tenho também sempre à mão algumas saias ou vestidos pretos de vários comprimentos, conforme a ocasião e uns tops decotados. A coleira está sempre acessível, pendurada no meu quarto junto às cordas de juta japonesa, num sítio onde as posso ver antes de dormir e logo que acordo. Os sapatos ou botas prontos a calçar.
Para manter a coisa equilibrada, guardei tudo numa caixa de cartão com anjinhos da guarda.




Monday, 19 November 2007

ESTADO DE TANTO FAZ


Quando estou com o meu Dono, como se me ligasse à corrente, entro de imediato em estado de tanto faz.
Tanto faz se me acho bonita ou feia, tanto faz o que foi ou o que poderia ter sido, tanto faz que o mundo acabe amanhã, tanto faz tudo o que se passa à minha volta, tanto faz o que os outros pensam. Tanto faz que o empregado ache que Ele é mudo ou que as meias me escorram pelas pernas abaixo, tanto me faz que chova ou que o amor seja "fogo que arde sem se ver". Na verdade tanto me faz o amor. Tanto faz se é um pato ou uma sandwich de tofu. Tanto faz o passado, tanto faz o futuro. Tanto me faz tudo que não seja Ele.

Sunday, 18 November 2007

CASTIGO


Saio do carro, atordoada. Estranho, sentir de imediato o frio cortante em todo o meu corpo, excepto no rabo que arde como se estivesse sentado sobre brasas.
- Sobe a saia e ajuda-me a estacionar.
Duas pessoas a subir a rua do outro lado e eu a tentar ganhar tempo, - Subo, como?

Ainda tenho tempo para pensar se será de mim ou a noite estará mesmo gelada.

O meu Dono estaciona o carro e sai. Em vez de fechar a porta, levanta o banco e senta-se atrás. Eu parada, sem compreender, deixo temporariamente de sentir o frio ou o que quer que seja.
- Entra.
Eu entro, ainda assim descontraída, mas percebo rapidamente que não é hora de recreio. O meu Dono puxa-me à bruta a perna entre as Suas e obriga-me a deitar no Seu colo. Levanta-me a saia, o rabo exposto a quem quer que passe junto ao carro.
Nunca tinha sentido a Sua mão tão pesada desabar tão brutalmente sobre mim. Durante alguns minutos, bateu, bateu, bateu. Sem intervalos entre uma pancada e outra. Acompanhada da respectiva "explicação" para que não restem dúvidas sobre o tema da obediência. E do agradecimento da escrava, entre lágrimas.

Saio do carro, atordoada. Estranho, sentir de imediato o frio cortante em todo o meu corpo, excepto no rabo que arde como se estivesse sentado sobre brasas.

Quando não se apanha há já algum tempo, parece que dói mais.


Friday, 16 November 2007

ESCRAVA PREDADORA


A lua começa a crescer, a escrava começa a vestir a pele da predadora.

Abre-se uma fresta no meu quadradinho por onde me esgueiro, ágil e determinada, na busca da presa. Toda eu me transfiguro, numa inesperada mutação.

De dócil animal de estimação a cadela de fila ansiosa por presentear o Dono com a presa ainda quente, intacta entre os cuidadosos dentes aguçados.


De bicho enjaulado a felina esfomeada que traz intocado o troféu da caçada ao macho dominante e, a arfar do esforço , baba a escorrer, se deita à distância, debaixo do sol intenso da savana a ve-Lo degusta-lo, anestesiada pelo prazer e pela fome.



Thursday, 15 November 2007

AS CORES DA (SUA) ESCRAVA


A minha submissão ao meu Dono, embora constante não é sempre igual. Sinto-a de incontáveis formas diferentes, e de diferentes formas a manifesto.

Às vezes chega devagar, a percorrer-me toda como uma ligeira comichão interior, agradável e mansa. Nesses momentos, sou uma escrava suave, terna, branda. Toda eu sou véus e transparências e sinto-me em delicados tons de azul.

Outras vezes vem-me de forma arrebatada e física, entrelaçada de insaciável desejo carnal, de inconfessável luxúria, de paixão afrodisíaca e eu, estremecida de volúpias, vejo-me em cenários de sedas e veludos raros e sou da cor das especiarias .

Vezes ainda sinto-a chegar-me acima em golfadas que quase me asfixiam, sinto-a invadir todo o meu corpo como um vírus que me consome por dentro, me deixa quente, febril, me faz passar rapidamente do estado sólido ao estado submisso. Nessas alturas, em que tudo em mim é submissão efervescente e a única coisa que me alivia é sentir na pele o Seu poder absoluto, eu sinto-me como a matéria-prima a que o meu Dono dá forma e sou da cor que Ele escolhe.

Tuesday, 13 November 2007

DELE, TREZENTOS E SESSENTA E CINCO DIAS


A Terra fez uma volta completa em torno do Sol. Trezentas e sessenta e cinco voltas sobre si mesma. Trezentas e sessenta e cinco noites e trezentos e sessenta e cinco dias. Trezentas e sessenta e cinco hipóteses de desistir ou de começar de novo. Coisas que nasceram e coisas que morreram. Ciclos que se iniciaram e ciclos que se completaram. E eu, sou Dele.

FANTASMAS


Antes de existir corpóreo na minha vida, o meu Dono já existia translúcido no meu imaginário. Quando ouvia falar Dele, quando lia qualquer comentário Seu, qualquer coisa dentro de mim mudava de lugar. Nessa altura eu não sabia, mas foi provavelmente aí que, comecei a reencontrá-Lo. Reconheci-O talvez pelo que não dizia, muito antes de qualquer outra coisa. Como se o farejasse à distância, muito antes de Ele dobrar a esquina e ficar, finalmente, visível. Andamos perto, muito perto. Mas não era suposto ser assim.
Então, estranhamente, com a inevitabilidade de uma profecia que se cumpre seja de que forma for, aproximamo-nos um do outro sem saber, pelos nossos próprios meios. De mim, Ele conhecia meia dúzia de pensamentos e as pernas enevoadas, mas só um pouco mais tarde as ligou a mim, as pernas que saíram de casa a correr no meio da noite, como se o chão abrisse fissuras no momento em que o pisava. Não havia pois outro caminho senão para a frente, desamparada para Ele. E não foi a chuva torrencial nem o vento que quase me levantava do chão que me impediu de me ajoelhar de imediato a Seus pés. Suponho que quis apenas encher o peito de ar antes de mergulhar no fundo de nós.

Saturday, 10 November 2007

IN THE CAGE



O meu Dono dá-me bastante liberdade. À primeira vista pode parecer paradoxal, uma escrava sentir-se livre. Mas, se dominar é condição essencial para prender, prender não é de todo necessário para dominar. Dominar alguém que está preso não tem na verdade grande mérito. A arte de dominar está precisamente em subjugar alguém que é livre. Possuir uma escrava livre não é pois para qualquer um. Só quem sente poder absoluto sobre a Sua escrava, se pode dar ao luxo de a deixar solta quando muito bem entende. Com a certeza tranquila de que basta um gesto, um olhar, um pensamento para a ver de imediato rastejar aos Seus pés.




" Deixe os que sabem escalar montanhas, escalá-las; deixe os que não sabem, consolar-se negando sua existência. " Rogue of Gor

Monday, 29 October 2007

A QUATRO MÃOS


O meu Dono afagou-me os cabelos, distribuiu festas pelo meu lombo, depois, com um gesto, mandou-me segui-Lo.

Fiquei feliz quando vi as cordas. Adoro quando me amarra : sentir a restrição, o ar rarear, a crescente vulnerabilidade a que me sujeita, transporta-me para estados alterados de consciência. Atou-me o peito num shinju apertado, prendeu-me as mãos atrás das costas. Pela primeira vez, colocou-me uma venda nos olhos e tampões nos ouvidos. A minha pele passou a ser o único orgão de contacto com o exterior, tudo o resto era eu.

De joelhos, cega e surda, o prazer indiscritível de não saber o que se vai passar a seguir. Os minutos parecem mais longos, as sensações mais marcantes, os sentimentos mais profundos. Tudo ganha uma nova dimensão, elástica, extensível, maleável.

Sinto o corpo a minha frente. As duas mãos que me seguram a cabeça e ma orientam. Sorrio intimamente. Adoro dar prazer ao meu Dono, descobri um gosto em mim que me era desconhecido, um prazer que é meu mas cujo epicentro não está em mim, mas Nele.

Sinto o sexo forçar-me os lábios. De repente, há qualquer coisa em mim que desaba. Não reconheço a textura, não reconheço o sabor, não reconheço o cheiro daquele corpo. O meu cérebro tenta processar as informações, quase vejo os neurónios desconcertados a tentar cruzar os dados. Luzes vermelhas a piscar, o alarme a disparar. Alguma coisa em mim tenta ainda desacreditar, tenta fazer com que pareça impressão minha, tenta convencer-me do contrário, mas eu sei que não é assim.

Enquanto o caos continua dentro de mim, sinto duas mãos agarrar-me as ancas. O meu cérebro conta vertiginosamente as mãos sobre mim. Duas continuam a agarrar-me a cabeça, a forçá-la em movimentos de vaivém. Outras duas agarram-me vigorosamente pelos flancos.

Perante a evidência, a rendição.
As lágrimas rolam-me pela cara. Mantenho-me no limbo ainda algum tempo, indecisa entre a repulsão e a atracção.

O meu Dono arranca-me a venda.

"Sabes quem é? O j. O escravo que recusaste."

EXTRA-LARGE





O meu Dono não tem tamanho fixo. Antes de O conhecer, imaginava-O com uma certa dimensão, mas no primeiro olhar percebi que é muito maior.

Desconfio que possua pelo menos dois ou três corpos perfeitamente acondicionados uns dentro dos outros, como matrioskas. Suponho que opte, de forma mais ou menos consciente, por um ou outro, como uma roupa que se escolhe conforme a ocasião.

Ainda assim, às vezes, sinto-O transbordar, como se não coubesse naquele corpo, outras a estalar como se quisesse romper o invólucro, deixar para trás aquela membrana como uma espécie de lagarto, ou como um fato demasiado apertado, que há muito deixou de Lhe servir.

Mas é quando veste a pele de Dominador que o sinto crescer, como se o Seu poder sobre mim Lhe conferisse uma dose extra de volume corporal. Como se a Sua autoridade automaticamente Lhe acrescentasse massa muscular. Como se a Sua soberania Lhe adicionasse uma camada mais de matéria. Agiganta-se à medida que toma posse de mim, expande-se na proporção directa da Sua dominação.

E ambos sabemos que este não é o limite.



Friday, 26 October 2007

SENTIMENTO DE POSSE


Possuir, talvez seja, também, uma questão de tempo.

Depois da conquista, a real tomada de posse. Por direito.
Como um senhor feudal, olhar do alto o seu feudo, a sua propriedade recém adquirida e sentir "Isto é meu".
Como um gladiador sustenta pela primeira vez o gládio sobre a cabeça do vencido e sente verdadeiramente o que é dominar.
Sentir correr nas veias o poder absoluto sobre a coisa possuída.

Ao princípio haverá uma certa dose de deslumbramento, haverá que arranjar um espaço mental e físico para o objecto, haverá que definir como usá-lo e de que forma ele poderá ser útil, como combiná-lo com aquilo que já se possui.
Ou, se não se possui nada, abrir um novo compartimento para um novo sentimento, o sentimento de posse.
Suponho que o sentimento de posse não seja completamente inato - afinal nascemos sem nada senão um enorme potencial para tudo - mas um processo criativo e evolutivo, que, como qualquer outro, se adquire na medida exacta em que se investe nele, ou seja em que se lhe aplica energia e atenção.

Assim, o sentimento de posse não é estático, imutável e acabado, mas um sentimento vivo e dialéctico. Susceptível de crescer, expandir-se, consolidar-se.
E encontrar a todo o momento novas formas de expressão.




Sunday, 21 October 2007

RÓTULO


Definir-me como escrava seria erróneo, incompleto, inconforme. Sou escrava, sim, mas do meu Dono.

Não me baixo a mais ninguém senão a Ele, não me curvo perante nenhum outro. Não ajoelho a outros pés, não ofereço o meu corpo a outras mãos. Nenhum outro me dobra até ranger, me torce até chiar, me subjuga, me faz querer beijar o chão por onde passa. Não respondo a outra voz de comando, não me submeto a outro domínio que não o Seu. Só perante o meu Dono me anulo, me encolho, me transformo em nada. Só ao meu Dono reconheço poder total sobre a minha vida, só Ele sabe como me domar, só a Ele me rendo, me entrego. Só o meu Dono detem o poder de fazer de mim tudo o que quiser.

É esse o rótulo que trago tatuado na alma. Escrava do Senhor JB.

Friday, 19 October 2007

AQUI


Esta história é do meu Dono. Aqui todos nos curvamos à Sua passagem. Aqui não há limites para as Suas vontades, as Suas fantasias, os Seus caprichos. Não há fronteiras para a Sua imaginação. Aqui o tempo tem o ritmo que o meu Dono lhe imprime e o espaço desenha-se à Sua medida. Aqui nada é definitivo nem acabado. Aqui, os Seus desejos são a nossa realidade.

AVA ADORE


it's you that I adore
you will always be my whore
you'll be a mother to my child
and a child to my heart
we must never be apart

lovely girl
you're the beauty in my world
without you there aren't reasons left to find

and I'll pull your crooked teeth
you'll be perfect just like me
you'll be a lover in my bed
and a gun to my head
we must never be apart

lovely girl
you're the murder in my world
dressing coffins for the souls I've left to die

drinking mercury
to the mystery of all that you should ever leave behind
in time

in you I see dirty
in you I count stars
in you I feel so pretty
in you I taste God
in you I feel so hungry
in you I crash cars
we must never be apart

drinking mercury
to the mystery of all that you should ever seek to find

lovely girl
you're the murder in my world
dressing coffins for the souls I've left behind
in time

we must never be apart


The smashing pumpkins - Ava Adore



Thursday, 18 October 2007

DOMINAÇÃO PURA




Ao princípio custou-me um pouco a perceber. Não havia mise-en-scène, não havia rituais. Não havia dress-code, coleira nem iniciais, slave registers ou marcas na pele. Ao princípio não compreendia muito bem. Não havia padrões, não havia termo de comparação. Ao princípio fazia-me confusão. Não havia manuais de instruções, estereótipos. E de nada adiantaram as minhas alusões mais ou menos subtis a esta ou aquela preferência ou este ou aquele exemplo. De nada me serviu espernear, alucinar com gansos, e tecer teorias acerca do assunto. Tive que esquecer tudo o que tinha conhecido, tive que desconstruir todos os conceitos, esvaziar-me completamente, começar do zero. Só depois de atingir esse ponto de total despojamento pude compreender que não é preciso mais do que o olhar do meu Dono e as Suas mãos nuas para sentir a dominação pura. O Seu incontornável poder sobre mim. E que só a partir daí tudo o resto pode eventualmente começar a fazer algum sentido.




Wednesday, 17 October 2007

MAIS



Há quem se dê aos bocadinhos. Um pouco hoje, mais um pouco amanhã.
Há quem se dê por conveniência. Eu dou-me, tu das-me.
Há quem se dê com limites. Eu dou-me, mas só até onde me interessa.
Eu, ao meu Dono, dou-me toda, sem esperar nada em troca, e sem cláusulas. Sem letras miudínhas. Sem ressalvas. Sem excepções. Sem reservas.
Sou do meu Dono a todas as horas do dia e da noite e onde quer que vá sou Dele.
Depois, se me quer, Ele toma-me, usa-me, desfruta de mim na porção que quer, até onde quer, quando e onde quer.
E eu descubro que dar-me assim não me esgota, que quanto mais dou ao meu Dono mais quero e mais tenho para Lhe dar.

Tuesday, 16 October 2007

TEMPORARIAMENTE

Foto Alain Deljarrie

Estou temporariamente encerrada numa bolha. Daqui vejo claramente tudo o resto, de mim e do mundo, só que, embora pudesse chegar-lhes, não posso aceder-lhes, não posso tocar-lhes. Vejo-os a pairar em meu redor, como uma galáxia da qual eu própria faço parte, mas distanciada o suficiente para não me identificar com eles, o resto de mim e o resto do mundo. Neste momento só o meu Dono tem livre acesso ao interior da esfera, e ao interior de mim mesma, só Ele pode atravessar o invólucro, num processo quase osmótico. Sem o danificar, entra e sái com a naturalidade de quem entra e sái da Sua propriedade. Move-se no seu interior como se o conhecesse desde sempre. Porque todas as partes de mim são Dele, e esta é só mais uma, eu exploro-a, para ter cada vez mais para Lhe dar.

Saturday, 13 October 2007

PONTO NO J


Represento apenas um ponto na vida do meu Senhor. Um ponto ínfimo e redondo, desprovido de vontade. Ocupo apenas o meu espaço de ponto, limitado, circunscrito, localizado. Um ponto de admiração pelo meu Dono, um ponto de interrogação mudo, um ponto de equilíbrio no meio do caos, um ponto de passagem para outras realidades, um ponto de fusão de matéria incandescente, um ponto de rebuçado liquefeito, um ponto de encontro de duas linhas paralelas, um eterno ponto de partida. Sou apenas um ponto no J.

Thursday, 11 October 2007

SE O DONO QUISER


Se o Dono quiser, uma escrava pode ter muitas faces, como um cubo, ou mais até. Pode ter arestas, limadas e a limar, lados, bons ou maus ou assim-assim, superfícies, planas e curvas, tudo o que o Dono desejar.

Se o Dono ordenar, uma escrava pode ter modos. Pode estar activa, em stand-by, desligada.

Se o Dono consentir, uma escrava pode até ter fases, como a lua. Pode ser, por exemplo, uma escrava minguante, uma escrava nova, uma escrava cheia.

Com a permissão do Dono, esta escrava está em quarto crescente. O que indica, desde logo, que está a crescer.

Quanto ao resto, pouco se sabe ainda, excepto que tem cor dourada, como o mar às vezes, cheira a jasmin como um insenso, soa a taças tibetanas como um mantra e é como um coçar por dentro da garganta, muito ao de leve.

A escrava agradece ao Dono e pede desculpas por esta interrupção.

O dark side of this moon segue dentro de momentos.




Tuesday, 9 October 2007

DESCOBRIR AS DIFERENÇAS

Foto : Tokyo Kink Society

Uma boa parte das relações humanas mantem-se numa base de Dominação/submissão. Mesmo aquelas que supostamente não se baseiam, vivem em algum momento desse confronto, mais ou menos evidente, mais ou menos perceptível, entre - ainda que momentaneamente - o mais forte e o mais fraco. São relações baseadas no medo. Domina-se por medo de perder alguém ou alguma coisa - o alvo da dominação, o poder, a razão, a imagem, a admiração dos outros - e é-se dominado exactamente pelas mesmas razões. Não faltam exemplos de casos concretos, em relações profissionais, familiares, conjugais e até de amizade. Diria que enquanto cada um se remete ao seu papel, a relação funciona; quando há uma parte que renuncia a continuar - normalmente o elo mais fraco - a relação tem tendência a acabar. São relações desiquilibradas, baseadas em falsos princípios e em situações pouco claras. São relações traumáticas, porque normalmente quem se sujeita fá-lo porque não vê outra opção e quem exerce o poder, também não. É típico dessas relações o dominado esconder dos outros a sua condição, e embora em privado se sujeite às maiores humilhações, raramente o deixa transparecer para o exterior. É vulgar, até, de alguma forma procurar justificações para o comportamento de que é alvo e procurar desculpabilizá-lo, perante si mesmo, mas principalmente perante os outros. Pôr pó-de-arroz sobre algo que muitas vezes não se quer ver. As vítimas de violência doméstica tendem esconder as provas físicas dessa violência e a inventar explicações para encobrir a sua própria vergonha e a culpa do agressor. Por medo.

Penso que é exactamente nesse ponto que difere destas uma relação bdsm. Porque se baseia na coragem e não no medo. Na coragem de quem Domina e de quem é dominado. Coragem de ver e de assumir. Coragem de se conhecer a si mesmo e ao outro em profundidade. Coragem para testar os limites, os seus e os do outro. Coragem para proporcionar ao outro o que o outro gosta.
Coragem deriva do latim cor - coração. É talvez essa abertura de coração que faz a diferença. Quem Domina e quem é dominado não oculta a sua condição e se não a vive em pleno é, as mais das vezes, por uma questão de respeito por quem não entende essa opção de vida. Nos meios onde é possível expressar-se livremente, Dominador e submissa tendem normalmente a exibir a sua situação, não a disfarçá-la. E mesmo quando essa "estranha" forma de amor deixa marcas, a submissa costuma exibi-las com orgulho, como um troféu. É talvez por isso que muitas vezes se entreabre a porta da privacidade e se deixa espreitar quem passa. Não por exibicionismo barato, não por promiscuidade, mas por um imenso orgulho. Mas o melhor de tudo, é o que se passa do lado de dentro. E o melhor, guarda-se sempre para o Dono. Eu guardo.




Thursday, 4 October 2007

"QUERO O TEU CORPO...PÚBLICO"



Este corpo que eu carrego, já deixou há muito de ser meu. Propriedade do Senhor JB, que dispõe dele como quiser. Hoje, público, como Ele o quis.






Tuesday, 2 October 2007

MASTER OF SIMPLIFICATIONS


Uma a uma, o meu Dono vai arrancando todas as camadas de mim. Umas separam-se facilmente, finas como casca de uma cebola, apartam-se de mim como gomos de um fruto maduro, outras custam a despegar-se como crosta que se arranca de uma ferida.
Mas pouco a pouco, com a certeza e a visão de que é feito, retira tudo o que em mim é supérfluo. Como um escultor retira da pedra bruta todos os excessos Ele cinzela-me até deixar à vista somente o essencial, o simples, eu. Ínfima, subatómica, nuclear. Despoja-me de tudo o que não seja a mais pura submissão a Si. Haverá sítio melhor de onde começar?

Saturday, 29 September 2007

O MEU QUADRADINHO


O meu Dono deu-me um quadradinho onde eu existo.

Quatro linhas invisíveis, tão reais e intransponíveis como paredes sólidas, que traçam a fronteira entre dois mundos paralelos.

Movo-me nas pontas dos pés nesse espaço limitado, percorro os quatro lados com as palmas das mãos, apalpando-lhes a forma. Reconheço-lhe os cantos, palmilho-lhe a área. Bato com os nós dos dedos ao longo do perímetro, procurando alguma passagem oculta para o exterior.

Pinto-o de muitas cores, revisto-o de sensações, forro-o de memórias.

O meu Dono observa-me de cima, como um predador atento a todos os movimentos da sua presa, esperando pacientemente o momento de avançar. Como num jogo de estratégia, aguarda a altura certa para fazer a próxima jogada.

Por vezes vê-me aninhada a um canto, muito quieta, procurando ver para além dos traços, outras atirada violentamente contras as paredes maciças, torturada pela incerteza, massacrada pela dúvida, chacinada pela ausência. Outras ainda comprimida, sufocada pelo confronto com as barreiras que me impôs.

É só quando me atira a corda que me liga a Ele que eu percebo que esteve sempre lá, atento e seguro, enquanto eu me debatia com fantasmas inventados em vez de permanecer tranquila e confiante à Sua espera. Ajoelhada e reverente, como estou agora.





Friday, 28 September 2007

COMPASSO DE ESPERA


Os dias passam devagar sem a presença do Dono. Tento iludir o tempo sabendo que ele não se deixa iludir. A mulher sente-se solidária e guarda profundo respeito. Mas a submissa não recebeu ordem para parar. A escrava anseia pela Mão que a dobra, a tritura, a subjuga. Que a agarra com firmeza pelos cabelos e a faz lamber o chão que o Dono pisou. Que a prende, a amarra, a pendura no ar como uma estranha espécie de pássaro.

Monday, 24 September 2007

NÓS, OS INFINITOS




Hoje não durmo. Não posso, nem quero. Há na minha cabeça um imenso corredor que me leva ao ponto exacto onde começa e acaba a minha fantasia. Deixo-me percorre- lo nas pontas dos pés, devagar, momentâneamente sozinha, simultâneamente agarrada a Si como coisa que está por baixo da pele, estranhamente inteira, eternamente indivisível. Ainda atordoada. Ainda suspensa.

Sunday, 23 September 2007

BDSM CRUELTY-FREE

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Saturday, 22 September 2007

EXCEPTO ORDEM EM CONTRÁRIO





Este blog existe com uma finalidade bem definida : agradar ao meu Dono.

Durante bastante tempo esteve parado, porque pensei que não se interessasse e abandonei a ideia.

Durante muito tempo não o divulguei porque pensei-o como mais um espaço de intimidade. Com o consentimento do meu Dono, comecei com uma pessoa da minha confiança, depois outra, pessoas que eu sabia iam compreender o que escrevo, mas sei que a partir de uma certa altura deixa de estar na minha mão seleccionar a entrada. É de certa forma abrir a porta da nossa intimidade e convidar a espreitar quem quer que passe.

Saber que há eventualmente outras pessoas a ler o blog não me desvia um milímetro do meu objectivo principal e não afecta de forma alguma aquilo que escrevo. Se o que se passa cá dentro for interessante, as pessoas vão voltar. Se não for, irão naturalmente embora.

Mas eu fico, e o meu Dono também.

Tudo o que aqui se lê faz parte de mim. Por isso, sou natural e espontânea naquilo que escrevo, simples, humana. Não tenho pretensões literárias nem demasiadas preocupações estéticas, embora queira oferecer ao meu Dono o que de melhor haja em mim em cada momento. Às vezes de uma forma mais leve e divertida, outras de forma pungente e quase dolorosa, sou eu em oferenda ao meu Dono em cada palavra, cada linha, cada pensamento que lhes está subjacente. Realidade ou ficção, nunca é mentira. Podia - e faço-o - escrever-Lhe em privado, mas esta é uma das poucas formas que tenho de mostrar ao mundo o quanto Lhe pertenço, o quanto O venero, o quanto sou incondicionalmente Sua.

Embora por vezes seja difícil, resisto à tentação de escrever sobre outros temas, este blog é - como alguém que em poucas palavras já me revelou uma sensibilidade apurada e rara perspicácia muito bem definiu - sobre " a relação que mantém com JB, o seu Dono e Senhor " .

Qualquer breve alusão a outro tema, se a houver, será de forma enquadrada nesta premissa, e tratada neste contexto. Excepto ordem em contrário...